14 de out. de 2009

A vida simples no campo, ou melhor, na metrópole.

Já imaginou viver nos dias de hoje sem geladeira? Já pensou como faziam antigamente quando não existia essa maravilhosa maquina? E energia elétrica então, ficar sem hoje em dia nem pensar não é mesmo?

Pois é, eu posso contar como é essa experiência.
Vive um ano sem geladeira e alguns dias sem eletricidade também, praticamente acampando dentro do apartamento.

Quando me mudei pra São Paulo, aluguei um apartamento na região central onde fez-se uma republica, no começo éramos três rapazes, eu, um filho da puta qualquer e um japonês... Logo depois chegou também um mexicano pra acabar de vez com tudo.

Decidimos que cada um compraria algo pra nova residência, assim no momento de desfazer a rep não teríamos problemas com divisão.
O japonês foi logo comprando uma maquina de lavar... Ótimo, seria impossível viver sem uma, depois... Bom, depois não aconteceram mais compras, agente só comia pizza, pois a rep era bem em cima de uma pizzaria, e não bebíamos água também, apenas coca e cerveja que era gelada na maquina de lavar, com gelo na centrifuga pra uma gelada rápida (se o japa sonhar com isso)

Logo o filho da puta não estava se sentindo a vontade e saiu, vindo morar um musico no lugar dele. Como o fdp que se mudou deixou muitas dividas pra rep, tivemos empecilhos pra compra dos eletrodomésticos, resolvemos esperar as coisas se acalmarem.

Quando já estávamos mais aliviados, decidimos não comprar mesmo pra sacanear o japa, pois o egoísmo do individuo já estava deixando todos irritados com a falta de bom senso e a contagem de metros de papel higiênico.

Pra complicar a situação de se morar sem geladeira, ainda por cima o responsável pelas contas do mês (Japa mais uma vez) esqueceu de pagar a energia... Putz, chegando em casa e nada de luz. Pra ligar o pc dei logo um jeito, fazendo um gato na energia do elevador, a iluminação que tínhamos era a que vinha da rua ou as velas que o mexicano espalhou pela casa quase incendiando tudo, a única coisa que pesou no religamento era o banho quente mesmo, mas daria pra aguentar um pouquinho, afinal não estragaria nada na geladeira mesmo, pois essa não existia.

Decidir mandar ligar a eletricidade 3 dias depois, mesmo assim com peso na consciência, devia ter deixado a galera no escuro um pouco mais de tempo.

Churrasco de apartamento.

O grande dilema de minha vida quando me mudei pra São Paulo, sem duvida foi o churrasco, afinal morando em apartamento é muito complicado fazer um bom churrasco.
Resolvi logo esta pendenga com uma notável idéia, afinal tinha que pensar rápido, pois tinha em minhas mãos uma peça de picanha muito bonita, como não tinha geladeira era isso ou transformá-la em carne de sol.
Com uma bandeja funda de barro inteligentemente enviada por minha mãe, álcool etílico 96° e uma prateleira de geladeira arranjada no vizinho, um borracheiro peruano, estava pronta a minha fonte de calor.

Apesar de ser ridicularizado e duvidas surgirem no principio, o pessoal acreditou quando teve finalmente a prova de funcionamento. O primeiro bife foi degustado com receio, mais logo que este acabou já fui logo cobrado pra fazer mais, e assim foi a tarde toda, regado a cerveja gelando no tanque e picanha suculenta que me da água na boca neste momento que a relembro.

Um ano e meio depois do acontecido, foi dado um descanso ao glorioso churrasco de álcool, pois hoje morando em um apartamento maior com geladeira e sacada, disponho de uma boa churrasqueira à bafo que tem feito muito sucesso, com certeza esta amiga vai elevar muito meu colesterol e de meus amigos, felizmente existem muitos tratamento nos dias de hoje para baixá-lo depois. Outro problema é a falta de tradição em churrasco que enfrento na região central de São Paulo, está sendo muito difícil encontrar por ali uma boa carne, costela então, nem se fala, os açougues nem sabem o que significa a palavra minga (ótima parte da costela).

Enquanto isso minha bandejinha de barro espera no armário o retorno do inverno para que volte a fazer fumaça deixando toda a casa com cheiro de churrasco novamente.

Cidade nova


Mudar de vida exige muito empenho.
A parte legal de se fazer isso, é o conhecimento.
Quando sai da cidadezinha do interior e me mudei pra capital foi a experiência mais alucinante que já tive (até hoje). Pois cheguei na nova cidade logo na famosa travessa da Ipiranga com a São João, o bar Brahma, o centro velho... Lugar magnífico, mas foi um pouco mais a cima que a verdadeira aventura começou. A rua Augusta... Ei lugar infernal, lugar onde é o inferno (boate maneira). Tive a infelicidade de morar a poucas quadras da famosa rua, e mais infeliz ainda em cruzá-la todos os dias pra ir e voltar do trabalho.

Não demorou para que o caminho da volta fica-se cada vez mais curto, diminuiu a metade. Era tão frequente acontecer isso, que geralmente dormia apenas dentro do ônibus, no caminho de ida e volta que o fretado fazia em uma hora e meia, tempo suficiente pra mais um dia na farra.

Até que um dia o corpo não aguentou e cedeu à doença, foi uma amigdalite daquelas, que me deixou de cama uma semana, foi o recorde de falta de banho e escovar os dentes.
Um dia resolvi ir ao hospital, sai na rua as 5 da manhã e perguntei onde era o mais próximo, me indicaram a santa casa e lá foi eu com muita dor, chegando lá deparei com uma fila enorme que resolvi não encarar, voltei pra casa, tomei logo quatro anti-inflamatórios de uma vez e voltei a dormir.

Só a noite apareceu uma amiga de carro que vendo o meu estado, quis me levar ao hospital, aceitei, o que não imaginava é que teria que empurrar o carro pra chegar até lá e depois pra voltar mesmo após a injeção dolorida de bezetacil, mas valeu, pois sarei e a Dra era gatinha.

Aprendi a lição, agora tomo mais vitaminas... hAUhAUhuA